O Aniversário

O multipremiado Andrea Bajani estreia-se em Portugal com uma narrativa inquietante sobre um filho que abandona a casa de família para não mais voltar.

Será um filho capaz de abandonar impiedosamente os pais? Virar costas, fechar a porta e não voltar? O que resta dos estilhaços de uma memória familiar?

«Faz dez anos que, nesse dia, vi os meus pais pela última vez. Desde então, mudei de número de telefone, de casa, de continente, construí um muro inexpugnável, coloquei um oceano entre nós. Foram os melhores dez anos da minha vida.»

Algumas famílias sobrevivem — miseravelmente — a um quotidiano de violência, à tensão sempre latente, aos gestos de anulação do outro, à ausência de laços de amor. Outras famílias desfazem-se para sempre. O aniversário conta a história de um filho que, para viver a sua própria vida, renuncia à casa dos pais, condena-os ao isolamento e arranca pela raiz quaisquer possibilidades de reencontro ou comunicação. O filho procura na fuga uma hipótese de felicidade: escapa de um pai autoritário e irascível, distancia-se de uma mãe que de tudo abdicou em favor do marido. Este corte profundo deixa um lastro de recordações, falhas e solidão, mas desperta uma sede vital de redescoberta interior.

Andrea Bajani, um dos grandes romancistas europeus da atualidade, constrói uma narrativa inquietante: desoladora na sua aridez, sublime na minúcia com que analisa as feridas que não se curam.

Crítica:

Poderemos alguma vez livrar-nos dos nossos pais? Do mal que nos fizeram? Sem olharmos para trás e sem reconsiderações? A pergunta é um escândalo, e Andrea Bajani confronta-a através da escrita, num livro escandalosamente sereno.
— Emmanuel Carrère

Bajani explora como ninguém os lugares onde nos descobrimos, onde amamos, onde sofremos e onde, por fim, nos tornamos quem somos.
— Sandro Veronesi

Um livro que confronta, como nenhum outro, a autenticidade dos factos, a tirania da memória e o totalitarismo da família.
— Jhumpa Lahiri

É como uma faca. A escrita meticulosa, prudente, exata, lenta, mas implacável, reabre todas as cicatrizes, uma a uma.
— Il Corriere della Sera