Sobre a Essência do Dinheiro

O relógio da máquina do dinheiro parou, e é em vão que os nossos homens políticos do progresso e do retrocesso tentam mantê-lo a funcionar.

Dois anos depois da publicação de A Essência do Cristianismo (1841), por Ludwig Feuerbach, Moses Hess escreve este ensaio, que viria a ser dado à estampa com o título Sobre a Essência do Dinheiro (1845), a primeira tentativa de transposição do conceito feuerbachiano da «alienação» religiosa para as esferas da vida social e económica: o que Deus é no mundo das ideias, o dinheiro é no mundo real da sociedade moderna, ambos projecções dos próprios poderes e actividades essencialmente sociais dos seres humanos.

Com um espírito de indignação e uma linguagem tão filosófica quanto alegórica, Hess procura mostrar o dinheiro como o ponto culminante de uma longa história da alienação humana, um «Além terreno», tornado «substância de todas as aspirações sociais» e baseado na lógica «predatória» da livre concorrência, no egoísmo, na propriedade privada e na venda voluntária de si mesmo.

Um texto injustamente esquecido, com intuições fulgurantes que antecipam temas do que viria a ser a crítica da economia política de Karl Marx.